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JAC Motors está lançando no Brasil o utilitário esportivo
T40, o terceiro da marca nesse segmento. O carro ainda virá durante algum tempo da China, mas será o primeiro a entrar em linha na futura fábrica, na Bahia, e não mais o T5, como a própria JAC jurava até maio.
Por R$ 58.990, o T40 chega à rede na segunda quinzena de agosto e também marca o início de uma virada da empresa no País: “De agora em diante focaremos em SUVs e utilitários”, afirma o presidente da JAC Motors do Brasil, Sérgio Habib. Com isso permanecem os T5, T6 e T8 e deixam de ser importados os hatches J2 e J3, os sedãs J3 Turin e J5 e a minivan J6.
A tal virada também poderá ser vista em números em 2017: “Deveremos fechar o ano com cerca de 4,5 mil carros, um crescimento de 67% sobre o ano passado, quando vendemos 2.691 unidades”, diz Habib, que reconhece 2016 como uma base fraca para comparações.
Boa parte dessa alta da JAC estará ancorada no estreante T40: “Queremos vender 300 por mês”, diz Habib. E em setembro a JAC volta a atuar no segmento dos veículos Urbanos de Carga (VUCs) com o minicaminhão V260, semelhante aos Kia Bongo, Hyundai HR e ao JAC T140, lançado no Salão do Automóvel de 2012 e vendido por um período curto.
A renovação da marca inclui para 2018 a reestilização do utilitário esportivo T5 e a chegada de uma picape média “com cabine dupla, motor a diesel e tração 4×4, como a maioria desse segmento”, diz o presidente da JAC. E o pequeno hatch J2 voltará “com jeito de SUV compacto, como o Renault Kwid”, revela Habib.
Abalado pelo fraco desempenho do setor, o executivo reluta em cravar um prazo para a produção local do T40. Falou em 18 meses, mas sem nenhuma firmeza. É compreensível para quem viu a rede de concessionárias recuar das 70 unidades em 2011 para as atuais 26. Consequência da sobretaxação aos importados, agravada depois pela crise econômica.
NOVO T40 NASCEU COMO HATCH
A história do T40 começou em 2011, quando o Grupo SHC começou a orientar o estúdio de design da JAC na Itália para a criação do primeiro hatch a ser produzido pela empresa no Brasil, o que ocorreria em 2014 nos planos originais. “Os primeiros esquetes surgiram em fevereiro de 2012 e o protótipo de argila, em setembro daquele ano”, diz Habib. E foi também em 2012 que se percebeu a necessidade de transformá-lo em um SUV.
T40 tem desenho bem resolvido e boa posição de dirigir. Leitura do hodômetro é precária pela baixa luminosidade do display digital. Central multimídia não traz GPS.
“A tendência pelo segmento já era muito forte e tínhamos de fazer essa mudança”, diz Habib. O projeto custou ao empresário US$ 20 milhões. A ideia da companhia era ter um produto que também atendesse o mercado chinês e assim o carro apareceu pela primeira vez em abril de 2015, no Salão de Xangai.
No Brasil, por estar imediatamente abaixo do T5 em tamanho e preço, seria mais lógico chamar o novo JAC de T4, mas este já é o nome do jipe fabricado pela Troller no Ceará e por isso não poderia ser usado.
O maior pecado do T40 é ter apenas câmbio manual de cinco marchas. A versão automática CVT será lançada em fevereiro de 2018. “Se eu trouxesse este ano iria estourar nossa cota de 4,8 mil carros livres dos 30 pontos extras de IPI”, justifica Habib.
O desenho do T40 é muito bem resolvido e vem acompanhado do novo logotipo da JAC, que manteve a forma oval, mas substituiu a estrela de cinco pontas pelas três letras. Com 4,13 metros de comprimento, 2,49 m de distância entre eixos e 1,75 m de largura, o T40 tem espaço razoável para os passageiros.
Quem vai trás não raspa os joelhos no banco da frente, mas a altura do teto condiz mais com crianças ou com adultos até 1,70 m. O volume do porta-malas informado pela JAC é de 450 litros.
A lista do T40 é bem recheada e inclui até câmera frontal, que grava as imagens adiante com ou sem o áudio do interior do carro e pode ser acessada por aplicativo no celular. Rodas de liga leve, central multimídia, faróis com acendimento automático e facho ajustável, computador de bordo, sensor de estacionamento traseiro, piloto automático, volante multifuncional e câmera de ré são todos itens de série.
Volume do porta-malas informado pela JAC é de 450 litros. Estepe é acessado por dentro do carro.
A relação de itens de segurança inclui monitoramento da pressão dos pneus, controles eletrônicos de tração e estabilidade, freios a disco nas quatro rodas, assistentes de frenagem e de partida em rampa e sistema Isofix para prender duas cadeirinhas infantis.
Claro, não faltam itens de conforto e conveniência como ar-condicionado, direção elétrica, vidros, travas e retrovisores com acionamento elétrico. Mas a central multimídia não tem navegador GPS. E os bancos são de tecido, mas bem acabados, assim como o revestimento do painel e das portas.
O único opcional possível é a carroceria em dois tons, mas não se trata de pintura e sim da aplicação de uma película plástica. O trabalho é feito na linha de produção, em Hefei, na China, e custa R$ 1,9 mil. Em novembro está prevista a chegada de uma versão de R$ 56.990, que perde a câmera frontal e a central multimídia.
Por causa da lista bastante completa, a JAC acredita no potencial de seu novo carro para concorrer com alguns hatches aventureiros e outros SUVs, entre eles Citroën Aircross, Honda WR-V, Hyundai HB20X, Peugeot 2008 e Renault Sandero Stepway.
COMO ANDA O NOVO SUV DA JAC
Como o T5, o T40 recebe o motor 1.5 flex com até 127 cavalos quando abastecido com etanol. Seu desempenho é um tanto prejudicado pelo câmbio com relação final longa. Em subidas e ultrapassagens não se pode ter preguiça de reduzir uma ou duas marchas, mesmo porque os engates são sempre fáceis e precisos. De acordo com a JAC o T40 acelera de zero a 100 km/h em 9,8 segundos e atinge 191 km/h de velocidade máxima.
O comportamento em curvas é bem previsível. A carroceria não balança em excesso e os bancos ajudam a segurar o corpo. A posição de dirigir é boa, mas o freio de estacionamento está mais atrás do que deveria. E o display digital do hodômetro tem luminosidade muito baixa e é difícil de ler de dia. A JAC garante que é possível resolver o problema apenas com reprogramação eletrônica.