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produção de veículos avançou 24% no primeiro trimestre na comparação com igual período do ano anterior, para um total de 609,8 mil unidades, entre leves e pesados, conforme os dados divulgados na quinta-feira, 6, pela Anfavea, associação das montadoras. Diferente de alguns anos recentes, o avanço das atividades nas linhas de produção não se deve ao mercado interno, este ainda em ritmo lento. O resultado elevado da produção é resultado do aumento expressivo das exportações.
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“Foi um primeiro trimestre positivo; este volume veio para alimentar as exportações, que tiveram um papel importante”, reforçou o presidente da Anfavea, Antonio Megale, durante a apresentação do desempenho do setor em São Paulo. “Ainda é um volume inferior à média dos últimos 10 anos, mas já é um número melhor, embora ainda não seja suficiente para compensar a ociosidade”, completa o executivo.
Para Megale, não há um patamar ideal de participação das exportações na produção nacional. Atualmente, 28% do que se produziu no acumulado dos três primeiros meses do ano foram para atender os mercados externos. “O que temos hoje é uma visão clara de que as exportações são um canal muito importante. O que houve no passado é que a produção migrou quase que na sua totalidade para o mercado interno e hoje a retomada é muito mais difícil do que a conquista. Agora, nossa visão é mais ampla, de querer atender tanto o mercado interno quanto o global.”
No geral, o resultado do trimestre foi puxado pelo desempenho verificado em março, o melhor mês em volume até agora, com 234,7 mil veículos montados, aumento de 18,1% sobre igual mês de 2016 e alta de 17,1% sobre fevereiro, que teve um número menor de dias úteis, o que reduz os dias de trabalho na indústria. “Foi mais um resultado positivo e foi o segundo mês consecutivo com produção acima das 200 mil unidades”, observa. Segundo Megale, a indústria também elevou a produção em março já prevendo um abril mais fraco:
“Abril deverá trazer um resultado não tão produtivo devido aos dois feriados e menos dias úteis”, lembra.
Entre os segmentos, houve crescimento de 25% na produção de veículos leves no acumulado de janeiro a março contra iguais meses de 2016, para quase 590 mil unidades, entre automóveis e comerciais leves. Já a produção de comerciais pesados teve leve alta de 2% na mesma base de comparação, ao somar pouco mais de 19,8 mil caminhões e ônibus.
A Anfavea reforçou que o desempenho do trimestre está em linha com o previsto para alcançar as projeções do ano, que foram mantidas pela entidade. “Estamos a caminho da estabilização, devendo ver números mais positivos no segundo semestre e a produção deve acompanhar este caminho, mas por enquanto é prematuro rever [as projeções]”, afirma Megale.
EMPREGO E ESTOQUE
Os dados da Anfavea apontam que houve um aumento de 205,5 mil para 218,6 mil veículos em estoque na passagem de fevereiro para março, suficientes para cobrir 35 dias de vendas, considerando a média diária de março. No mês anterior, os estoques cobriam 33 dias. “Está um pouco acima do ideal, mas não é nada preocupante”, comenta Megale.
Segundo o executivo, a alta da produção em março a fim de se preparar para abril, que será menos produtivo, também é um fator a considerar na análise do estoque maior para o mês. “Se o ritmo de vendas diárias for maior em abril, este nível de estoque será adequado”.
Embora as atividades tenham se elevado no último mês nas linhas de montagem, o nível de emprego diminuiu 8,7% com relação a março do ano passado, para 103,6 mil. “Há um trabalho forte das empresas para aumentar a produtividade otimizando os turnos em operação antes de abrir um novo turno, mas é um assunto que teria que analisar caso a caso, porque há algumas empresas contratando e outras desligando”, explica Megale.
Atualmente, ainda por causa de acordos firmados anteriormente, há um total de 10.636 trabalhadores afastados de seus postos de trabalho, dos quais 9.074 mil em PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e os demais 1.562 em layoff.