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Setor automotivo começa a se recuperar em 2017

Segundo especialistas, faturamento no 1º trimestre teve aumento de 5,7%

SERGIO QUINTANILHA, PARA AB

Da esq. para a dir.: Carlos Reis (Carcon), Vitor Klizas (Jato Dynamics) e Guido Vildozo (IHS). Foto: Luis Prado
O pior momento do setor automotivo passou e o mercado começa a se recuperar já em 2017. Esta foi a previsão feita pelos consultores Guido Vildozo (IHS Markit), Vitor Klizas (Jato Dynamics) e Carlos Reis (Carcon Automotive) no primeiro painel do VIII Fórum da Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business no Golden Hall do WTC, em São Paulo, na segunda-feira, 17.

Esse crescimento, entretanto, ocorrerá de forma lenta e gradual. “Nossas previsões não são tão otimistas quanto as de outras consultorias, mas sim conservadoras”, disse Vildozo. “O volume de vendas e produção crescerá a partir de 2020 se houver um governo que tenha apoio do Congresso.”

Segundo estudos da IHS Markit, o crescimento de vendas será de 0,4% este ano, de 3% no ano que vem, de 4,6% em 2019 e de 7,2% em 2020. Já a produção terá um ritmo diferente, com crescimento de 10,5% em 2017, de 4,5% em 2018, de 2,1% em 2019 e de 3,9% em 2020. Vildozo, o primeiro a falar no painel “A previsão dos Consultores”, disse que a IHS Markit mudou sua expectativa de 2,52 milhões de veículos leves para 1,99 milhão para este ano. “A capacidade atual do mercado é de 2,5 milhões”, observou, mas o PIB deverá crescer minimamente, de 0,1% a 0,3%, de forma que não ajudará muito num cenário de queda da taxa de juros (abaixo de 12%) e da inflação (abaixo de 5%).

Vitor Klizas, presidente da Jato Dynamics, preferiu focar sua apresentação nos resultados financeiros da indústria. E os números trazem boas notícias. Segundo o executivo, o faturamento da indústria automobilística brasileira passou de R$ 184 bilhões em 2014 para R$ 156 bilhões em 2015 e depois caiu para R$ 139 bilhões em 2016. Mas o primeiro trimestre de 2017 trouxe um faturamento de R$ 33 bilhões, o que representa um crescimento de 5,7% perante os R$ 31 bilhões faturados nos primeiros três meses do ano passado. Em 2014 e 2015 o faturamento no primeiro trimestre foi de R$ 41 bilhões e R$ 38 bilhões, respectivamente.

“Falamos tanto de SUVs, mas o nosso mercado continua sendo basicamente de hatchbacks”, disse Klizas. Apesar da queda brutal de vendas na categoria de hatches médios, os hatches compactos e de entrada continuam liderando o ranking. Assim, enquanto os hatchbacks representaram um faturamento de R$ 42 bilhões em 2016, os SUVs contribuíram com R$ 33 bilhões. Ele também observou que somente cinco marcas (Jeep, Honda, Toyota, Hyundai e Ford) são responsáveis por 56% do segmento de utilitários esportivos e crossovers.

O terceiro palestrante foi Carlos Reis, presidente da Carcon Automotive. Ele focou no segmento de veículos pesados e disse que sua empresa separou o mercado em três momentos diferentes. “O momento 1 é o da artificialidade, porque o financiamento era farto, com taxas muito baixas. Havia pouca preocupação com os estoques”, afirmou. Esse período foi de 2011 a 2014, com vendas entre 137 mil e 172,8 mil unidades. “O momento 2 é o dos impactos da artificialidade”, destacou.

“Não havia controle da economia, veio o fim do Finame PSI. Houve uma bolha de 190 mil veículos e muitos deles continuam parados.” Esse período ocorreu em 2015 e 2016, com as vendas caindo para 71,6 mil e depois para 50,5 mil. “O momento 3 é o da reação, com economia mais previsível e retomada lenta do crescimento, porém real”, disse Reis. Esse período vai de 2017 a 2022.

“A indústria automobilística passa a caminhar com as próprias pernas, sem a ajuda de ninguém”, acrescentou o consultor. A Carcon Automotive prevê um total de 52 mil veículos pesados vendidos este ano, mas ele pode ser apenas de 48 mil unidades “se a economia continuar muito lenta na retomada”. As safras de grãos (222,9 milhões de toneladas) e de cana-de-açúcar (694,5 milhões de toneladas) vão ajudar a indústria de veículos pesados, mas a péssima condição das estradas brasileiras continua sendo um fator de altos custos de transporte e baixo volume de vendas.

Assista ao resumo em vídeo do VIII Fórum da Indústria Automobilística: