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Lifan prepara nova ofensiva no Brasil

Dois novos SUVs trazidos da China darão nova chance à marca no País

MÁRIO CURCIO E PEDRO KUTNEY, AB

X80, a nova arma da Lifan para reconstruir sua imagem no Brasil
Após cinco anos de prejuízo no Brasil, com 17 mil carros vendidos no período, e insistência fora do comum em permanecer no mercado, a Lifan prepara uma nova ofensiva no País, dando como certo o fim da sobretaxação imposta desde 2012 pelo Inovar-Auto de 30 pontos porcentuais a veículos importados. Com isso, a marca chinesa já tomou a decisão de importar dois novos SUVs em 2018. O primeiro deles será o X80, mostrado mundialmente em primeira mão no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro passado. O modelo de grande porte tem motor 2.0 turbo, transmissão automática e sete lugares. A previsão de chegada por aqui está entre abril e maio do ano que vem, com preço estimado entre R$ 110 mil e R$ 120 mil. A empresa trará também o X70, este com motor 2.0 aspirado e transmissão do tipo CVT, que ficará posicionado entre o X60 e o X80.

Os modelos virão montados da China e podem representar um novo sopro de vida à montadora, cuja rede de revendas brasileira resiste, mas encolheu de 55 para 46 lojas e tem forte dependência de um só modelo, o X60, montado no Uruguai desde 2013 – para assim aproveitar o regime do Mercosul, evitando a sobretaxação do Inovar-Auto e também o imposto de importação de 35% para carros vindos de fora de região. A fábrica uruguaia, que monta carrocerias que já vêm da China soldadas e pintadas, havia parado no primeiro trimestre de 2016, voltando a produzir em maio passado.

Com as dificuldades dos últimos anos, a operação brasileira esteve ameaçada. “Houve pressão (na China) da equipe de finanças, mas apesar do prejuízo que tivemos no Brasil, nosso presidente mundial, Mark Timber, decidiu manter a subsidiária. Temos de construir nossa marca ao redor do mundo e para isso o Brasil não pode ficar de fora”, afirma o vice-presidente executivo da Lifan do Brasil, Johny Fang. Ele admite que no auge da crise tentou um entendimento com outra chinesa no Brasil, a Chery. A ideia era montar alguns modelos Lifan na grande fábrica inaugurada pela Chery em Jacareí (SP) em 2014. Mas não houve acordo, apesar da pequena utilização da capacidade instalada. Assim, enquanto não houver um mercado consolidado e grandes volumes, a Lifan continuará utilizando a estrutura uruguaia ou importando direto da China.

O executivo admite que a importação da China de um SUV grande e mais caro como o X80 é um risco, mas que a Lifan estaria disposta a correr para reconstruir sua imagem no País. “Não esperamos vender grandes volumes, mas é um modelo que pode garantir uma boa reputação.”

Contudo, a chegada dos novos produtos tem um se: dependem de o governo realmente retirar os 30 pontos extras de IPI sobre os importados, o que está previsto para acontecer no fim deste ano com o término do programa Inovar-Auto e a entrada da nova política industrial Rota 2030, em janeiro.

NOVA ESTRATÉGIA GLOBAL

Os dois SUVs da Lifan que devem chegar ao Brasil ano que vem fazem parte de uma nova estratégia global da montadora (e de outras chinesas) de focar em mais qualidade e tecnologia do que em preço. Os modelos já são resultado dos trabalhos do centro de pesquisa e desenvolvimento inaugurado pela empresa em 2013 em Chongqing, na China, entre duas de suas fábricas (leia aqui).

Como a participação da Lifan ainda é modesta na China, com cerca de 200 mil unidades vendidas em 2016 num mercado de mais de 20 milhões, a empresa aposta nessa subida de nível para manter e aumentar suas exportações para países como Rússia, Irã e Brasil. Em seus atuais e futuros projetos a Lifan conseguiu incluir fornecedores mundiais de peso como Mahle, ZF/TRW, Delphi, Valeo, Bosch, Schaeffler e Johnson Controls, para igualar seus padrões de qualidade.

A empresa também prepara uma nova plataforma modular, a LFA 2019, a partir da qual serão criados cinco modelos, entre eles um utilitário esportivo pequeno.

MINIVAN DE SETE LUGARES TAMBÉM É COTADA

A Lifan pode trazer também em 2018 para o Brasil a minivan M7 (foto acima). O modelo tem sete lugares, motor 2.0 aspirado e transmissão manual ou automática CVT. Ela entraria no segmento da Chevrolet Spin. É claro que os concessionários aguardam novidades para preencher seu showroom, mas neste caso é preciso cautela, pois as vendas desse segmento foram as primeiras a definhar com a invasão dos utilitários esportivos, decretando o fim da produção das Nissan Livina e Grand Livina em São José dos Pinhais (PR) e a interrupção das importações da JAC J6.

Por falar em fim de linha, a Lifan não mais montará no Uruguai para vender no Brasil a picape utilitária Foison, lançada em 2014, por falta de crédito na praça para seu público-alvo. O estoque do sedã pequeno LF 530, também lançado em 2014, estaria zerado, mas a empresa afirma que pretende montar um lote ainda em 2017 porque seu preço (R$ 37.990) é competitivo.

A retração de mercado também levou a Lifan a congelar os planos para o X50. O SUV pequeno foi prometido para 2015 e teve o lançamento adiado mais de uma vez. Já foi até reestilizado depois disso. Não está descartado, mas não é prioridade.

Fonte: AB