Volkswagen quer voltar ao segundo lugar no Brasil em 2018
Para David Powels, objetivo é resultado e posição dominante
PEDRO KUTNEY, AB
Powels viu a empresa que hoje comanda na posição que acha mais apropriada (segundo lugar) entre 2002 e 2007, quando trabalhou como vice-presidente de finanças da Volkswagen do Brasil, período em que também entregava lucros à matriz na Alemanha – ou seja, cumpria ambos os objetivos. Naquele ano em que chegou aqui, a marca alemã perdeu para a Fiat a liderança de vendas que manteve por décadas, desde os anos 1960, mas conseguiu se segurar na vice-liderança até o fim de 2013. No ano seguinte, 2014, caiu para a terceira colocação do ranking e lá permanece com perdas sucessivas de participação.
Outro dado negativo enfrentado por Powels desde o seu retorno ao País, em 2015, é que a última linha do balanço da subsidiária ganhou a coloração vermelha de prejuízo – e assim deve ficar este ano também. “Todo mundo faz prejuízo no Brasil hoje, não dá para lucrar com esse mercado como está”, resume.
Com a renovação completa do portfólio de produtos da Volkswagen na região, programada para acontecer nos próximos três anos entre o fim de 2017 até 2020, Powels avalia que a marca voltará gradualmente à sua posição de maior dominância no mercado brasileiro, ocupando uma das duas colocações do alto do ranking nacional de emplacamentos. “Com os lançamentos que vamos fazer já a partir de novembro, quando chega o novo Polo, logo depois com o Virtus e (os importados) Tiguan de sete lugares e novo Jetta, temos condições de voltar ao segundo lugar em 2018”, diz.
Powels projeta que a Volkswagen pode vender perto de 300 mil veículos no Brasil este ano. Se isso acontecer, será mais que o dobro dos 125 mil vendidos no primeiro semestre, ou aumento de cerca de 30% em comparação com os 228 mil de 2016 – quando a montadora foi bastante prejudicada pela disputa comercial com o fornecedor de estruturas dos bancos e deixou de produzir 150 mil carros no ano. Com o problema resolvido, a estimativa é que a produção vai passar dos 400 mil este ano, para atender também as exportações, que já somaram quase 90 mil só nos primeiros seis meses do ano.
A confiança na volta do crescimento da marca no Brasil é refletida no número de concessionárias da marca, que com 545 pontos de venda (controlados por 237 grupos) segue sendo a maior rede do País. Powels diz que não há planos de reduzir este número: “Para o mercado de hoje é muito grande, mas não para o futuro, quando vamos voltar a crescer”, afirma.
PLANOS
Segundo planos já divulgados (leia aqui), a ofensiva de lançamentos da Volkswagen no Brasil prevê a produção do novo hatch Polo, a ser lançado em novembro, e do sedã derivado Virtus no início de 2018 na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo. A estes dois, sobre a mesma plataforma MQB-A0, deve se juntar um SUV pequeno, cujo nome especulado pela imprensa é T-Cross. Em Taubaté fica concentrada a fabricação de Up!, Gol e Voyage – estes dois últimos modelos ficam deslocados em meio às renovações. “Não vou responder isso”, diz Powels em resposta à pergunta sobre o qual é o futuro do Gol.
Já a planta de São José dos Pinhais, no Paraná, receberá nos próximos dois anos um outro SUV a ser feito sobre a plataforma MQB do Golf (possivelmente chamado T-Roc) e uma nova picape, que a VW esconde se vai ou não substituir a Saveiro. “Não sei, pode ser que sim ou que não”, desvia Powels. Ele é bem mais assertivo sobre o futuro do Golf no País, admitindo que as vendas do segmento de hatches médios caíram demais, mal chegam a 2% do mercado brasileiro atualmente. “Vamos ver como fica, mas se continuar assim com vendas muito baixas poderemos interromper a fabricação”, revela. Também está em estudo a produção de mais um SUV na Argentina (leia aqui), que certamente abastecerá o Brasil.